Foto: Stefan Susemihl
Nascido na mesma Minas Gerais de Francisco Costa e Ronaldo Fraga, João Pimenta desfila há três anos na Casa de Criadores e participou da Semana Internacional de Moda de Madri e na Texworld de Paris. Seu desejo é ampliar os limites do guarda-roupa masculino.
A moda masculina no Brasil aos poucos dá sinais de mudança. De acordo com o levantamento do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), a produção nacional em 2005 foi de 2.204 milhões de peças. Em 2006, passou para 2.291 milhões e estima um crescimento de 4% para 2007.
Um nome que tem despontado no setor, com coleções elogiadas pela mídia especializada, é João Pimenta. Na entrevista realizada em seu show-room descobri um estilista que é a cara do Brasil: criativo, autodidata e mesmo sendo um sucesso de crítica, não conseguiu ainda transpor todas as suas dificuldades.
Como nosso país, ele busca seu caminho e seu lugar no mundo. Ele é filho direto do Brasil dos contrastes: “Venho de uma família simples, comecei a trabalhar aos sete anos. Nunca estudei moda, aprendi tudo na raça. Já trabalhei até em ateliê de alta-costura”, explica o estilista.
Desde 2003, João busca um caminho autoral através da marca que leva seu nome: “Eu gosto de misturar pobre e rico sempre. A alfaiataria em moletom é isso: hi&lo. Técnica apurada aplicada a um tecido mais simples”.
No desfile de verão 2007, o estilista fez uma homenagem ao Congado e à cultura negra, para o Inverno de 2008, misturou no mesmo caldeirão, artesanato, índios navarros, cultura maori, rock e skate, o que resultou numa coleção de moda de rua na mais pura essência da palavra.
Porém, para a moda masculina chegar nas ruas o caminho é árduo. Homens são mais conservadores do que as mulheres na hora de comprar, mesmo sendo vaidoso. Para o especialista em moda masculina Lula Rodrigues isso está no nosso sangue: “Temos um DNA vaidoso. Lampião, o rei do cangaço e cabra macho acima de qualquer suspeita, adorava perfumes e lenços de seda e não perdia a chance de ter os cabelos devidamente arrumados e gomalinados”.
João Pimenta reflete que as mudanças na moda masculina são feitas aos poucos, porque ao contrário, o homem se assusta: “Procuro evoluir na forma, mas sei que isso acontece aos poucos. As novas informações devem ser dadas em doses homeopáticas. Hoje arrisco com volumes, com formas mais soltas, mas tomo cuidado com as proporções”.
Ele está fazendo sua parte, mas garante que a evolução só vai acontecer quando toda a cadeia estiver comprometida com as mudanças. João Pimenta reclama que a indústria têxtil tem um papel decisivo neste processo e manda um recado: “Os tecidos para moda masculina não fogem de um padrão. Temos tecidos de camisaria que são lisos, listrados, xadrezes. Vez ou outra aparece um floral. Para se ter uma nova roupa masculina, precisamos de novos tecidos, mais pesquisa e ousadia têxtil também”.
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